A DIPLOMACIA
EMPRESARIAL COMO FERRAMENTA PARA
AS ALIANÇAS NAS
EMPRESAS TRANSNACIONAIS
BRASILEIRAS
As Empresas Transnacionais estão cada vez mais
atuando no desenvolvimento da economia internacional. Ao se identificar e
compilar regras de Direito Internacional que regulamentam as negociações
internacionais entre estas companhias, verifica-se que a Diplomacia Empresarial
constitui uma pratica que contribui para a expansão das grandes firmas
brasileiras no mercado mundial. Trata-se, portanto, de conhecer as formas e
papéis da Diplomacia Empresarial nas agendas das Empresas Transnacionais.
Cretella Neto utiliza-se de dados históricos para
demonstrar a origem das
Companhias Transnacionais no mundo apontando as primeiras, já no
século XVI, a partir das Companhias das Índias Inglesas. Estas formas primitivas
de empresas globais realizavam negociações com mercadores do Oceano Índico
explorando mercados e produtos para os seus comércios; por intermédio das
empresas de navegação, novos continentes também eram descobertos e colonizados
- alguns formavam colônias de exploração (América Latina) e, outros, colônias de
povoamento (Estados Unidos e Canadá).
Para Gonçalves, a constituição atual, como a conhecemos,
“tem suas
raízes na primeira fase da internacionalização do capital dos anos 70 do século
XIX – a chamada expansão imperialista –, na qual o capital financeiro
desempenhou um papel importante, bem entendido por autores marxistas e
não-marxistas nos seus aspectos econômicos e não-econômicos.
Na
realidade, pode-se afirmar que a ETN surge no início da fase de predominância
dos interesses do “grand” capital nos anos 90 do século passado. “
Uma das definições mais aceitas, para se entender o
conceito de Companhias
Transnacionais, no contexto moderno, é dado pela UNCTAD (Conferência
das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento):
“A Empresa Transnacional (ETN) é
geralmente considerada como uma
empresa que compreende as entidades em mais
de um país que
operam sob um sistema de tomada de decisão que
permite
políticas coerentes e de uma estratégia comum.
As entidades são tão ligadas, por posse ou não, que uma ou mais
delas podem ser capazes de exercer uma influência significativa sobre
os outros e, em particular, partilhar conhecimentos,
recursos e responsabilidades com os outros.”
Das incursões européias, por suas colônias, é que se construiu, por
volta de
1532, na
Vila de São Vicente (atual cidade de Santos-SP), o Engenho São Jorge dos
Erasmus,
que, para os historiadores, é considerada a primeira espécie de Empresa
Transnacional
a se instituir no país. Entretanto, no Brasil, a presença destas grandes firmas,
nos moldes capitalistas, ainda é recente se comparada a outros países. Algumas surgiram
logo no começo do século XIX, contratadas pelo governo Federal, para colaborar
em projetos de crescimento econômico do país, e, somente na metade do século, é
que realmente consolidaram suas chegadas.
As companhias transnacionais, em todo o mundo,
só tiveram seu boom expansionista após o término da Segunda Grande Guerra
Mundial e de forma gradativa.
Os governos, onde sediavam as matrizes, temiam pela possibilidade de
ocorrência de novos conflitos e toda a economia mundial ainda buscava sua
estabilização em decorrência aos impactos de crises como a “Grande Depressão de
1929”.
O
Brasil inaugurava o seu processo de desenvolvimento econômico num período em
que os governos também careciam de investimentos estrangeiros para concretizar suas
políticas desenvolvimentistas. O País não dispunha de tecnologia e empresas que
viabilizassem seus projetos, mas soube como se organizar de forma a atraí-las e
possibilitar seu crescimento industrial, como bem saliente Paulo Nogueira
Batista,
“O Brasil lançou mão, largamente, da proteção tarifária e não
tarifária na sua política de industrialização pela substituição de importações.
Desta forma,incentivou o investidor estrangeiro a pular o muro tarifário e produzir aqui o que
antes exportava diretamente para o Brasil. Passou a adotar, em seguida, política
para atrair o capital estrangeiro, não só no que concerne à produção em nosso
território, mas também para exportação. Assim o Brasil iria se constituir, no
mundo, em um dos países mais abertos ao investimento direto estrangeiro, como
eloqüentemente atestado por sua importância no percentual do PIB nacional.”
O estilo de negociação dos empresários
brasileiros tem surpreendido o mundo coorporativo internacional pela
peculiaridade na agressividade, agilidade e ambição em realizar seus negócios.
Exemplos de empresários como Jorge Paulo Lemann, Carlos
Alberto Sicupira e Marcel Telles, donos da AB-Inbev e
controladores do fundo de
private equitity 3G refletem esse status.
Não apenas por terem realizado um
trabalho espetacular na fusão entras as maiores cervejarias do mundo – a
brasileira AMBEV, a belga INTERBREW e a estadunidense Anheuser-Busch – em 2008,
o trio de empresários adquiriu uma grande participação na CSX, empresa
americana do setor ferroviário, além de ativos da Coca-Cola e da Kraft Foods.
Recentemente, a gestora fechou a compra da segunda maior rede de fast foods dos
Estados Unidos (Burger King) em 4 bilhões de dólares.
No ano de 2005, a empresa FRIBOI
lançou seu processo de internacionalização com a modificação de seu nome para
JBS S.A ao realizar sua primeira investida, além das fronteiras nacionais. Em
terras argentinas adquiriu a empresa Argentina Swift Armour S.A – a maior
produtora e exportadora de carnes bovinas da argentina. Em 2006, ainda em
terreno vizinho, adquiriu mais duas unidades, a Venado Tuerto e aPontevedra, e,
em 2007, as empresas Berazategui e Colonia Caroya elevando ainda mais sua
capacidade de abate diária. No mesmo ano, sentindo-se mais confiante,
arriscaram a aquisição da empresa Swift Food Company, nos Estados Unidos,
renomeando-a de JBS USA tornando, a partir desse momento, a maior empresa
americana com sede no Brasil e uma das empresas mais transnacionalizadas do
país.
As empresas transnacionais recorrem à
formação de alianças com outras empresas não só para se protegerem quanto a
impasses, mas também para diversificarem suas produções como garantia em caso
de crises no setor. Essas ferramentas chaves asseguram a sobrevivência das transnacionais
no mercado externo. Apenas ressaltando que, mesmo pelo fato de adquirem outros
nomes e funções, não deixam de lado o propósito inicial: a lucratividade. Ao
invés de instalar um novo polo industrial a aquisição do que já existente é um
dos melhores meios de interagir com o novo mercado.
O Brasil, após colocar em prática
políticas de fusões (F&A), elevou ainda mais o seu potencial competitivo.
Atualmente, outras grandes fusões são realizadas por empresas 100% nacional e
obtendo destaque diante outras transnacionais internacionais já tradicionais do
mercado como o caso dos bancos Itaú e Unibanco que, em 2009, formaram a
Itaú-Unibanco Holding S.A.
De acordo com a revista Fortune a fusão
entre ambos os bancos elevou a
empresa ao 149° lugar entre as maiores companhias do mundo e em
13° lugar entre as
que mais cresceram em receita com U$ 50.216 milhões. Seguida a ela
têm-se o Banco
do Brasil a 4° maior empresa do país e como a 174° lugar entre as
empresas mundiais
com receita de U$ 43.984 milhões; a Companhia Vale do Rio Doce que
ao adquirir a
INCO formaram a 5 maior economia do país e figura no ranking em
205° lugar com
uma receita de U$ 37.426 milhões e a Metalúrgica Gerdau – 6° lugar
no país – que
adquiriu a Chaparral Steel Company em 2007 e hoje está em 400°
lugar e uma receita
de U$ 22.860 milhões.
Assim, o
Brasil atinge sua melhor fase no que diz respeito às pretensões comerciais internacionais.
O país passou por momentos conturbados de sua economia, mas nunca perdeu o foco
no que se referia à consolidação de uma marca genuinamente brasileira no
mercado externo.
As questões econômicas que antes
sempre impuseram barreiras para fixação de novos acordos comerciais e as
dificuldades para competir num mercado cada vez mais exigente e concorrido,
comprometiam os seus objetivos.
Com a globalização, o Brasil soube se
beneficiar de diversas maneiras ao impulsionar novos projetos econômicos.
Aproveitando de todo essas novas oportunidades que o Brasil tem alcançado na
exploração da economia internacional, a diplomacia empresarial será parte da
evolução da política externar nacional, pois incentivará novos planejamentos na
prática da militância nas relações entre empresários brasileiros e
internacionais e bom desempenho das missões diplomáticas.
Referências :
-NETTO, José Cretella. Empresa transnacional e direito internacional: exame do tema à luz da globalização. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p.20 apud UNCTDA 2002 Report., p.2.
-GONÇALVES, Reinaldo. Empresas Transnacionais e Internacionalização da produção. Petrópolis:Vozes Ltda., 1992, p. 31. Transnational Corporations Statistics. Disponível em:
<http://www.unctad.org/templates/Page.asp?intItemID=3159&lang=1>; Acesso em: 8 out 2014.
-História: Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmus. USP. Disponível em:
<http://www.usp.br/prc/engenho/index.html>. Acesso realizado em 20 de setembro de 2014.
-Ranking das Transnacionais Brasileiras. Fundação Dom Cabral 2010, p. 8.
Postado por: Leonora Machado.